quinta-feira, dezembro 05, 2024

PM que jogou homem de ponte em SP é preso após prestar depoimento

Soldado Luan Felipe Alves Pereira será levado a presídio. Inquérito aponta lesão corporal e violência arbitrária, crimes previstos no Código Penal Militar.

Por Lucas Jozino, Isabela Leite, TV Globo e GloboNews — São Paulo


PM arremessou jovem de ponte em SP/Reprodução

A Justiça Militar decretou nesta quinta-feira (5) a prisão do policial Luan Felipe Alves Pereira, apontadocomo o responsável por jogar um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, noúltimo domingo (1°).

O soldado já estava detido na Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou depoimento sobre a sua conduta. Segundo informações do inquérito militar, ele disse que pretendia jogar o homem no chão. As imagens gravadas por uma testemunha mostram o momento em que ele ergue e atira o homem da ponte (veja mais abaixo).

Com a prisão decretada, Luan Felipe será encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo.

O inquérito aponta os possíveis crimes de lesão corporal e violência arbitrária, previstos no Código Penal Militar. A reportagem tenta contato com a defesa do PM.

Nesta quinta-feira (5), com a repercussão desse e de outros casos recentes de violência policial em SP, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu que "alguma coisa não está funcionando"passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.

Segundo ele, essa é uma medida que protege os cidadãos e os policiais. O governador afirmou que vai ampliar o programa de câmeras.

"Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia."

Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. "O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar."

A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM não compactua com desvios de conduta e que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada.

Cenas chocantes

VEJA VÍDEO

O caso do homem atirado da ponte aconteceu na Vila Clara, região de Cidade Ademar, durante a dispersão de um baile funk.

O soldado foi filmado lançando o rapaz da ponte sem nenhum motivo ou resistência aparente.

A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos, mas passa bem. Marcelo recebeu ajuda de pessoas que moram na região.

O pai dele falou ao Jornal Nacional, criticou a conduta do PM e cobrou explicações das autoridades.

"É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso", afirmou.

A Corregedoria da PM determinou o afastamento de treze policiais que participaram da operação na Vila Clara. O Ministério Público abriu uma investigação.

Na quarta (4), quando foi questionado sobre a gestão de seu secretário de Segurança Pública, Tarcísio de Freitas defendeu Guilherme Derrite: "Olha os números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]", disse o governador. Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: "Olha as estatísticas". Tarcísio não explicou, porém, quais seriam esses dados.


O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), atrás do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). — Foto: Rogério Cassimiro/Secom/GESP

Histórico do PM

O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano passado.

Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.

Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema. 

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